sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Nem tudo que acaba tem final


Então Viver com Arte, está chegando o dia. O dia que eu sabia que chegaria, mas evitava pensar.

Quem diria não é? Eu, uma adolescente sonhadora, que não sabia o que queria direito, entrara em um grupo de teatro por pura diversão, só porque algumas amigas minhas na época entraram também. Eu nem sabia se queria mesmo aprender a atuar, mas fui, eu nem gostava tanto de teatro, mas fui. E já se passaram dois anos, tempo demais pra alguém que não gostava.

Pois é, o tempo passa e os gostos mudam, eu me apaixonei por tudo aquilo, pelos bastidores, por estar no palco e pelas pessoas que compartilhavam todos aqueles momentos comigo, pessoas iguais a mim, que tinham os mesmos sonhos que eu.

Dois anos. É impossível não notar as mudanças que esse tempo trouxe pra gente, o quando todos nós crescemos, tanto em fisionomia quanto em maturidade. Crescemos juntos, trabalhamos juntos, sonhamos juntos e construímos uma história juntos. Dá orgulho saber que fiz parte da turma que tornou esse grupo cada vez mais sólido e forte.

Por melhor que seja a nossa vida, sempre temos de buscar por algo novo, algo que te mude. Em dois anos vocês me mudaram, quando eu necessitei de tal mudança. E aposto que não fazem ideia do quanto, mas me mudaram. Não sei se pra melhor ou pra pior, mas me mudaram, ou me salvaram se essa palavra também servir. E eu serei eternamente grata por isso. Mas como tudo que é bom dura pouco, meu tempo aqui também está acabando e eu preciso buscar novas mudanças, me aventurar em novos caminhos. Queria tanto que vocês pudessem vir comigo, mas sei que nesse trajeto terei que ir sozinha, mas sempre lembrando de vocês.

Chegou o dia em que eu tenho que deixar o grupo, deixar essa vida de “desocupada”, porque querendo ou não, é o modo que as pessoas veem quem faz teatro. Vou mudar de cidade, mudar minha rotina, procurar seguir o caminho certo.

É estranho pensar que não terei de ir ao Sesi todas as terças e quintas, e talvez descobrir que terei de sair também nas segundas, quartas e sextas. É estranho pensar que não terei mais nenhum texto pra decorar, ou que serão raros os meus fim de semanas de apresentações. Estranho pensar que não os verei com frequência ou que daqui a algum tempo vocês terão de fazer textos para poderem me explicar sobre o que estão falando no msn. Estranho pensar que depois de tanto tempo, eu tenho mesmo que largar tudo isso, tenho que deixar vocês.

Sempre que a gente tem que seguir um caminho novo, levamos na bagagem um punhado de sonhos e grande parcela de desejos, sempre segue na esperança de tudo dar certo, mas sem certeza nenhuma se isso irá acontecer. O meu único desejo nessa nova fase é: MERDA! Pra mim, e pra vocês. Que tudo continue dando certo pra gente.

Vou estudar e seguir a minha vida, mas daqui a alguns anos, depois de formada, bem empregada, ou não, se alguém me perguntar qual foi o melhor emprego da minha vida, eu responderei: “Eu não tinha carteira assinada e não recebia, aliás, eu gastava para poder trabalhar. Andava por dias e dias atrás e algum dinheiro que não viria para o meu bolso; em dias importantes eu ficava de 08h às 23h no mesmo local, me alimentando só de besteiras. Algumas pessoas me chamavam de boba, outras diziam que era “trabalho escravo”, mas eu chamava de amor. O melhor trabalho da minha vida foi atuar com o Grupo de teatro Viver com Arte.”

E eu sei que enquanto eu estiver viva, enquanto eu existir, não haverá um dia sequer que eu não vá sentir orgulho de tudo que eu fiz por vocês, de tudo que vivi com vocês e do quanto eu amei vocês. E amo, e vou amar, por toda minha vida, tenho certeza.

Por: Patrícia Sotero, eterna integrante do Viver com Arte

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