quinta-feira, 14 de abril de 2011

Bate Papo cultural com Davi Primavera

Entrevista Cultural, com Davi Primavera. Músico e professor da Percepção Musical.

Por que escolheu o ramo da música como meio de ganhar a vida? De onde veio essa inspiração?Desde criança eu sempre gostei de música e sempre tive o apoio dos meus pais. Aos onze anos de idade estudei musica na Corporação Musical 7 de Setembro com o saudoso Seu Juquita, onde permaneci por um ano, aos 12 anos estudei teclado com Wilza Mayrink também por um ano e finalmente aos 13 anos comecei a estudar violão Clássico com Henrique Dias com quem aprendi muito e foi então que aconteceu o encontro com o instrumento que seria minha ferramenta de trabalho. Na verdade não passava por minha cabeça lecionar, mas aos quinze anos montei uma banda e comecei a tocar em bares, aos poucos foram aparecendo algumas pessoas que gostavam da minha maneira de tocar e foi então que decidi dar aulas. Como se trata de um contato precoce com a música, não consigo me lembrar qual foi a inspiração, as coisas foram acontecendo naturalmente.

Como você avalia atualmente o cenário musical ponte-novense?Orgulho-me muito dos músicos de Ponte Nova, realmente temos excelentes músicos, compositores, intérpretes, arranjadores etc. Agora quanto ao cenário ponte-novense é complicado, não só na música, se trata da arte em geral, temos muitas pessoas competentes desperdiçadas em nossa cidade, somos tratados somente como animadores de festas e não como profissionais do ramo e por conta disso muitos desistem de uma carreira que teria tudo pra dar certo. Os músicos, por exemplo, são muito cobrados em tocar o que está na moda e quando apresentam um trabalho que não faça “sacudir o esqueleto” nem sempre a apresentação é bem vinda para a massa. Assim como no teatro, se não for comédia, acham a peça chata. Isso é falta de informações, falta de aplicar cultura para todos, é um trabalho a longo prazo que se não aplicado à grande massa, sempre seremos escravos do que passa na televisão e nas rádios locais.

Qual retorno que estudo da música traz, atualmente, para os estudantes do ramo? A musica sempre esteve presente em nossa vida. Traz emoções extremas e relaxamento total, faz lembrar épocas, pessoas, faz sorrir e faz chorar, um estudante de musica lida melhor com o stress, estudos comprovam que a musica previne doenças cardíacas, desenvolve o cérebro com mais velocidade. Tenho alguns alunos que fazem aula por recomendações médicas por causa de dores na coluna, stress e depressão. Ou seja, a musica faz bem pra vida.

Qual a importância de cada novo projeto de bandas ou cantores, terem suas próprias composições e/ou arranjos musicais? Há muita dificuldade com isso entre os novos músicos?Hoje em dia tenho notado um crescimento e muito interesse entre os novos músicos em compor, mostrar a cara com um novo trabalho, isso é importante não só para o ego do musico assim como para nossa geração. Hoje é muito fácil gravar um trabalho, até em casa é possível gravar um disco, coisa que há alguns anos atrás não era possível, pois era muito caro. Acredito que essa facilidade de ter acesso à tecnologia, faz ainda mais a vontade de apresentar um novo trabalho aumente. Tenho percebido também uma mudança muito grande quanto à vida de uma nova canção, tenho muitas crianças e adolescentes como alunos e sempre ouço eles falarem assim: “Essa musica já é velha, nem toca mais” e assumo que isso tem me assustado, pois estou falando de musicas que não tem nem dois anos de vida. Acredito que isso ocorra devido à grande quantidade de musicas que tem surgido no mercado nacional.

De que modo seria uma política de apoio à cultura que realmente traria resultados?Qualquer ajuda do municipal, estadual ou federal é de grande valia para a cultura de qualquer região. Temos hoje em nosso país a “Lei de Incentivo a Cultura”. Há alguns anos foi enviado para a Câmera dos Vereadores de Ponte Nova um projeto para termos em nossa cidade a “Lei de Incentivo a Cultura Municipal” projeto esse que acredito estar mofando nos arquivos, pois não mais se ouve falar. Cidade como Juiz de Fora – MG, por exemplo, utiliza essa lei para ajudar a movimentar a cultura local. Tive a oportunidade de conhecer bandas e músicos que utilizam esse recurso para lançar seus trabalhos, inclusive uma das bandas que conheci de Juiz de Fora lançou recentemente seu 3° álbum através dessa lei. Isso seria um grande avanço para Ponte Nova. A política que realmente traria resultados para qualquer cidade é o direito para todos. Recentemente a escola Percepção Musical (Instituição em que leciono minhas aulas) contava com o apoio da Prefeitura para o aluguel de um som pequeno para realizar nosso projeto (sem fins lucrativos) que divulga músicos da nossa cidade. Infelizmente, isso foi tratado de forma pessoal depois que o Proprietário da Percepção Musical, Wesley Costa Melo publicou em um jornal um texto reivindicando obras da nossa cidade, devido a isso a Secretaria de Cultura, Esporte e Laser de Ponte Nova, cortou esse apoio, que nos fez contar com apoios de empresários e amigos interessados no crescimento e divulgação da cultura para a população ponte-novense. Ou seja, esse apoio é visto por nossas autoridades como uma troca, cidadãos engolem o direito de reivindicar a troco de um mínimo apoio da prefeitura. Como tive o desprazer de ouvir: “Wesley cutucou os homi, agora fica difícil continuar apoiando o projeto”.

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